A ciência do pai

Geral

Written by:

A ciência descobre o que acontece no interior de um homem quando tem um filho

A ciência descobre o que acontece no interior de um homem quando tem um filho

Pode Te interessar…

Hormônios de pais
Um filho de três pais
O filho favorito
Foi o primeiro tenista português a subir ao número 1 do ranking mundial da ATP. Seu saque e seu impressionante direita foram o terror de seus adversários, e seu estilo de menino rebelde chamou a atenção na época era pré-Nascimento, em que os heróis do tênis internacional não falavam português. Hoje, Carlos Moyà chega ao palco do Quo a deixar-se fotografar em sua nova faceta, a que ocupa a maior parte de seu tempo desde que se retirou: ser pai. E esta parece que também se destaca, pois quanto na redação pensamos em dedicar uma capa para a ciência do novo pai, em seguida veio o seu nome.
Nada mais chegar, coloca seus olhos em Paula, a menina que vai acompanhá-lo na sessão e que tem a mesma idade que a sua filha Carla. Aproxima-Se dela, se abaixa para ficar à sua altura e fala-lhe de tudo o que conhece, mesmo ensina-lhe um capítulo de uma série de desenhos animados (Caillou, para mais informações) que leva em seu celular. É irresistível, e Paula, que logo começa a jogar com ele.
Apesar de não saber fazer isso, para mim, é evidente que aquele gênio da direita invertida sofreu uma mudança que agora sabemos que é o resultado do vínculo emocional que cria um pai com seu filho ao nascer. Hoje em dia, graças à ciência, sabemos que ocorrem alterações cerebrais e hormonais no pai, e que seu relacionamento com seu filho dependem o desenvolvimento da criança e sua personalidade no futuro.
O vínculo paternal existe
Para começar, os cientistas têm levantado ultimamente se de fato existe uma ligação com o pai equiparável ao maternal. No caso da mulher, os nove meses de gravidez e o parto são o caldo de cultura perfeito para o elo bioquímico entre ela e seu bebê. No entanto, o pai só tem um último participação na concepção e desaparece de cena para a criança até o nascimento.
No entanto, algo acontece em um homem quando se torna pai. Em 2003, o psiquiatra da Universidade de Basileia Erich Seifritz e sua equipe usaram um scanner cerebral para demonstrar que certas áreas do cérebro dos pais, sendo o restante ao ouvir o choro de seu filho. No caso dos homens, a área do cérebro ativo é a amígdala, o centro das emoções. “É uma forma de sensibilização biológica”, afirma Seifritz.
E é que os neurônios do cérebro adulto podem ser reconfiguradas e crescem em resposta aos grandes mudanças na vida. E da paternidade merecem uma neurogénesis.
Reorganização de ideias
Para provar isso, em 2010 Glória K. Mak e Samuel Weiss, dois cientistas da Universidade de Calgary, em Alberta (Canadá), levaram a cabo uma série de experimentos em ratos, em que observaram como cresciam novos neurônios no cérebro de pais mouse. Nos dias posteriores ao nascimento de suas crias, estas células cerebrais estabeleciam novas vias de acesso no bulbo olfativo, com o fim de melhorar a detecção de seus filhotes pelo cheiro.
Também outro grupo de neurônios aflorou no hipocampo do pai: o centro de memória, para fixar, aquele cheiro a longo prazo. Embora o pai mouse apenas sofria estas mudanças se ficava ao cuidado das crias. “O que demonstra que nem o nascimento em si mesmo, nem o seu cheiro, provocam mudanças no cérebro de um pai”, conluyen Mak e Weiss em seu trabalho.
Quando um pai ouve chorar seu filho, ele ativa o seu amígdala, o centro cerebral das emoções
Assim, tudo aponta para que a prática da paternidade a que produz as mudanças. Estas novas células que se formam no cérebro do pai para criar seus próprios circuitos e formam memórias a longo prazo, o que dá lugar a um vínculo duradouro. Com os padrões de memória que se vão forjando, o pai mouse é capaz de reconhecer seus filhos pelo cheiro mesmo depois de três semanas separados. E os ingredientes que direcionam a criação deste vínculo são os hormônios.
Ele também tem oxitocina
De fato, nesta mesma pesquisa Mak e Weiss detectaram que a capacidade do pai para formar neurônios depende da prolactina, o mesmo hormônio que é responsável pela produção de leite nas mães durante a amamentação. Assim, quando se interrompe a secreção de prolactina, os pais não desenvolvem essas células específicas.
Também existem estudos que demonstram que os homens registam maiores níveis de oxitocina (que segregamos as mulheres ao dar à luz), quando são pais. Ainda, de acordo com uma pesquisa de Peter B. Gray, da Universidade de Nevada, ao ser pais também registram uma queda considerável nos níveis de testosterona, precisamente, o hormônio masculino por excelência. Consequentemente, são os pais menos homens?
“O declínio do hormônio só pretende certificar-se de que o pai vai cumprir seu papel e de que se vai ocupar do cuidado de seus filhos”, diz a pesquisa. Estes estudos apresentam a esses hormônios como interruptores de alguns comportamentos paternos, embora, como aponta Weiss nas conclusões de seu estudo: “Ter um pai é importante, mas ter relações afetivas com ele é mais”.
Link decisivo
Assim o demonstra um estudo publicado em 2012, pelo psicólogo Ron Rohner, da Universidade de Connecticut. Depois de analisar mais de 10.000 casos de crianças criadas em diferentes modelos de famílias, concluiu que os menores educados sem o amor de seu pai, sofrem mais problemas de conduta e são mais inseguros. “Tínhamos assumido que a relação afetiva das crianças com suas mães era o mais importante, para que pudessem ser instruídos em toda a sua plenitude. Agora sabemos que é, segundo, para que as coisas, até mesmo mais importante do que a materna”, afirma Rohner.
Para Miguel Ângelo Carrasco, professor de Psicologia da UNED e colaborador de Rohner nesta investigação: “Os pais podem ser tão importantes como as mães, e sua importância depende da qualidade e envolvimento na educação dos filhos. Em alguns estudos verificou-se que as relações de afeto do pai têm um efeito superior sobre problemas tais como o abuso de substâncias, problemas de comportamento e depressão”.
No entanto, de acordo com Carrasco: “Que a mãe ou o pai, sejam mais importantes depende da relação e o envolvimento que mantêm com ele. Em nossa pesquisa mais recente, realizada em mais de 13 países, observamos que a figura parental (mãe ou pai) que é percebida com maior grau de poder ou prestígio pela criança é a que mais influencia o menino” .
O jogo de um pai com seu filho favorece a sua confiança e a sua capacidade criativa e sua disposição a correr riscos
E segundo o Relatório da Unicef A Infância em Portugal 2010-2011, um dos fenômenos mais importantes destes anos é o crescimento de famílias monoparentais, compostos por um adulto, na maioria dos casos, a mulher, com um ou mais filhos. Este modelo de família já representa 18% dos lares espanhóis. Quais as consequências para estas crianças crescer sem a figura do pai?
Não sem o meu pai
“A maioria dos estudos comparativos entre os filhos de famílias monoparentais e famílias biparentales (incluindo as de gays e lésbicas) encontraram que os filhos de famílias monoparentais, especialmente os homens, mostram maiores níveis de problemas de comportamento. No entanto, essa associação desaparece quando as mães recebem o apoio social e económico que lhes permite atender às exigências que a educação exige. Isto põe-se de manifesto que não é a ausência de um pai, a condição que compromete o ajustamento da criança, mas os fatores de risco associados ao enfrentamento não compartilhado com o carinho de um filho, o que se traduz em maiores encargos, demandas e responsabilidades para a figura parental que assume unilateralmente o desafio”, finaliza Carrasco.
A figura parental percebida com maior poder pela criança é a que mais vai influenciar
No entanto, também a partir das estatísticas que o papel do pai tem vindo a evoluir. De acordo com um relatório realizado em 2012 pela Chicco, eles também se sentem culpados por passar pouco tempo com seus filhos, e cada vez são mais os que se diminuir a jornada de trabalho para estar com eles. Não obstante, esses estudos dizem que a média dedica a seus filhos 6,2 horas, contra 13,6 das mães.
De acordo com Carrasco: “O papel do pai sempre foi importante, mas a forma em que a paternidade é exercida mudou de acordo com as culturas e com os tempos. O que há é uma mudança no grau de envolvimento direto dos pais com os filhos. Neste sentido, podemos dizer que somos mais conscientes da importância que tem e de seus efeitos sobre os filhos. A incorporação da mulher ao mundo do trabalho, a flexibilização de papéis de gênero, entre outras razões, está modificando o principal papel do pai como provedor do sustento econômico e o da mãe como função de cuidador. Mas essa mudança é progressiva, e os dados mais recentes que temos na população portuguesa revelam que ainda os filhos percebem um maior envolvimento das mães em sua criação”.
Aprender brincando
Também está claro o quão importante é que os pais passam muito tempo brincando com seus filhos, actividade a que ambos dedicam grande parte de seu tempo juntos. De acordo com a psicóloga Florence Labrell em seu estudo sobre O jogo paternal com os bebês, o contato lúdico parental repercute no esquema de aprendizagem das crianças e favorece a sua confiança, a sua capacidade criativa e sua disposição a correr riscos. E segundo Jorge presidente da Câmara, em seu livro eu preciso, pai: “O bebê precisa compensar a dependência materna com autonomia. Nesta pesquisa, a primeira pessoa confiável que encontra é o pai”. Eles sabem, pois, de acordo com o II Relatório Nacional sobre a Infância em Portugal de 2011, a maioria dos pais (55%) assegura que, se fosse possível, faria mais tempo com seus filhos.
Então, se você é pai, pode ser que ao ler esta reportagem se sentir sobrecarregado. E não é mau que assim seja, já que, devido à sua conexão com você, seu filho fortalece suas defesas perante os desafios. Mas não se preocupe: um grupo de novos neurônios, preparadas para atendê-lo corretamente se desenvolverá em sua cabeça.

Comments are closed.